Santuário de Fátima como se vê atualmente: à esquerda, a Capelinha das Aparições; à direita, a coluna com a imagem do Sagrado Coração de Jesus, na base da qual existem algumas torneiras para se levar água (foto de Miguel Angel Gutierrez)
Da obra “Novos esplendores de Fátima”, de autoria do Padre Valentim Armas C.M.F., Editora “Ave Maria”, 1944, São Paulo, págs. 209-212, recomenadada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo no “Legionário” de 8 de abril de 1945, intitulado “Livros versus canhôes” (“cuja leitura é da mais absoluta necessidade para o mundo contemporâneo”).
Nas aparições de Fátima não brotou água, como em Lourdes.
Subsistia, portanto, um problema vital, de solução dificílima.
Vinha agravar essa dificuldade, a natureza do terreno calcáreo e muito poroso daquêle lugar e dos seus arredores, incapaz portanto de conservar a humidade.
Os habitantes de Fátima e das povoações das circunvizinhanças, para terem água em suas casas, vêm-se obrigados a recolher em depósitos, a chuva que escorre dos beirais das casas.
Como e quando se haviam logo de reunir peregrinações de centenas de milhares de pessoas num lugar privado de água como era a Cova da Iria?
Humanamente falando, isso parecia de todo ponto impossível.
Mais uma vez, viu-se aí o dedo da Providência. Onde falhou o humano, acudiu o divino.
Era o dia 13 de Novembro de 1921.
Logo após a primeira missa campal celebrada na capelinha comemorativa das Aparições, precisou-se de água em grande quantidade, para as construções projetadas.
O Sr. Bispo de Leiria teve a boa inspiração de mandar explorar o solo e deu ordem para ali no fundo da Cova, precisamente no lugar que ocupavam os pastorinhos no momento da primeira aparição, fôsse aberto um poço.
Em obediência à ordem do zeloso Prelado, os operários abriram uma valeta de pequenas dimensões e, com não pequena surpresa viram brotar a poucos passos da azinheira sagrada, água cristalina e abundante.
Não faltou entre os camponeses quem se risse da idéia do senhor Bispo e afirmasse que era dinheiro malbaratado. O senhor Bispo era de fora e não conhecia. o terreno.
“Não sei como explicar o caso disse surpreendido um dos circunstantes.
“Nada, aqui, não podia rebentar veia nenhuma. Naturalmente foi milagre do céu… ou do Sr. Bispo”.
Deu-se êsse fato lá por volta das nove horas do dia 13 de Novembro de 1921.
Pouco depois, como a água não fosse suficiente nas peregrinações, o Sr. Bispo mandou cavar mais dois poços a poucos metros do primeiro, e a água brotou como da primeira vez.
Daí por diante não faltou jamais o precioso líquido, quer para as construções, quer para os peregrinos que a carregam em quantidade para as suas casas.
A água de diversas fontes é recolhida num grande reservatório construído em cimento armado e que forma a base do monumento ao Sagrado Coração de Jesus.
Acima, à direita vê-se a Capelinha das Aparições e à esquerda o conjunto da imagem do Sagrado Coração de Jesus e o fontanário (as “fontes milagrosas”). Abaixo, vista das “fontes miraculosas” e da construção da igreja de Nossa Senhora do Rosário…
…e alguns anos mais tarde.
Transcrevemos da “VOZ DA FÁTIMA”, as seguintes notas descritivas das fontes milagrosas:
“A fonte miraculosa forma um círculo de cerca de 2 m. de altura por 10 de diâmetro, apresentando a forma de um gasômetro bastante esvasiado e por isso um tanto decido, como é vulgar ver-se nas grandes cidades de Portugal. A forma circular da fonte facilita a satisfação dos extraordinários pedidos de água por ocasião das grandes peregrinações.
Em tôda a volta da parede são colocadas 15 torneiras, tantas quantas os mistérios do Rosário.
Em cima da plataforma da fonte e junto das torneiras, está postado um certo número de jovens e encarregados de distribuir aos peregrinos, em dias de grande afluência, tôda a água que necessitem.
Sobre a fonte encontra-se um aviso declarando que a concessão da água é gratuita e que é expressamente proibido dar ou receber gorgeta por êsse motivo.
Dos dois lados da fonte existem fossos formados pelo aterro ou muralha da avenida central.
Também aqui se encontram torneiras, e, com tôda probabilidade, é neste lugar que virão, de futuro a serem instaladas as picinas para o banho dos doentes tal e qual se efetuou em Lourdes.
Nos dias de grande romaria, logo depois da primeira missa campal, uma multidão inúmerável fervilha desde manhã cêdo e estaciona no local da fonte miraculosa, na ansiedade irreprimível de fazer provisão da água benéfica e salutar.
A forma circular da fonte prodigiosa facilita bastante a adquisição do precioso liquido que jorra copiosamente por quinze grandes torneiras de metal amarelo, que simbolizam pelo seu número os quinze mistérios do Santíssimo Rosário, como acima se indicou.
Algumas torneiras porém só podem ser utilizadas por aqueles fiéis que se limitam a beber água no próprio local onde ela é fornecida.
Á ligeira impaciência dos mais apressados é facilmente contida pelos servitas, que regulam, ao mesmo tempo com prudência e firmeza, o difícil acesso as torneiras.
O aprovisionamento da linfa maravilhosa dura horas cumpridas, intermináveis, dêsde as primeiras da manhã, até as últimas da tarde.
Os peregrinos enchem recipientes de todos os tamanhos e de todos os feitios que levam consigo para as suas terras distantes com a fagueira esperança de provocar, mediante a aplicação da água, a cura de alguma pessoa da família ou de amizade, ou, ao menos, proporcionar um pouco de lenitivo aos seus sofrimentos”.
Não tem conta os casos de curas maravilhosas atribuídos à água da fonte miraculosa de Fátima.
Correndo os olhos pela secção de graças, registradas no último número da “VOZ DA FÁTIMA” que temos a mão, é fácil constatar que, em quase todas elas, a intervenção sobrenatural opera-se, às mais das vêzes, mediante a aplicação ou uso da água miraculosa.
Sejam exemplo as seguintes, que oferecemos, resumidas, aos nossos amáveis leitores:
– “O meu estado era gravíssimo; recebidos os últimos sacramentos, só me restava a morte. Tomei, com a mais viva fé, água maravilhosa de Nossa Senhora de Fátima que uma piedosa senhora me forneceu. A primeira colher ingerida senti um grande alivio. Seguiu uma novena à Nossa Senhora de Fátima. Terminada esta, estava completamente boa. O meu reconhecimento para com Nossa Senhora será eterno”. Arminda dos Anjos.
– “Havia já 12 anos que sofria fortes dores no estómago e intestinos. Fiz, com a maior devoção que me foi possível, uma novena a Nossa Senhora de Fátima e bebi três dias sua milagrosa água, encontrando logo rápidas melhoras, sem nunca mais aparecer as cólicas.
Agradeço de todo o meu coração à Nossa Senhora de Fátima, tão grande graça.” Fernanda Franco.
– “Sofria horrivelmente… Consultei alguns especialistas… Tudo inútil… até que me lembrei de fazer uma novena à Nossa Senhora de Fátima, aplicando algumas gotas da sua milagrosa água todos os dias da novena, finda a qual, me encontrei radicalmente curada… Graças infinitas sejam dadas à SS. Mãe de Deus”. Evandra C. Ferreira.
– “Adelino Pinto, jovem de 22 anos, enlouquecera… Uma piedosa pessoa aconselha a pobre mãe a que fizesse uma novena, dando-lhe uma medalha para colocar no pescoço do filho, uma poucochinha de água de Fátima e uma estampazinha de Nossa Senhora de Fátima que ele, no meio da sua loucura, beijava. Passado um mês, recuperou a razão e até hoje está em perfeito estado”.
– “Angelina Cabral Rosa agradece à Nossa Senhora de Fátima a cicatrização de cinco feridas… resultado obtido depois de aplicar às feridas água de Fátima”.
* * *
Ó amada Rainha e excelsa Senhora do Rosário de Fátima!
Esta fonte milagrosa que vós fizestes brotar um dia ao pé da azinheira sagrada, símbolo expressivo é do vosso Coração Materno manifestado ali, em Fátima, como penhor seguro de paz e salvação para a humanidade.
Fonte de vida é o vosso Coração Imaculado, ó Senhora, porque dele nasceu para nós Aquele que é nosso caminho, verdade e vida, Jesus Cristo.
Fonte aberta sois Vós, ó benditíssima Virgem, da qual fluem os rios de vossas graças e liberalidades.
Fonte sempre aberta para os justos pelos eflúvios da vossa caridade; e para os pecadores arrependidos, pelas águas de vossa compaixão e misericórdia.
Vós sois aquela fonte de que nos fala o Gênesis, 2, 6, pois assim como aquela era abismo de muitas águas, da qual nasciam outras fontes, assim Vós sois abismo de muitas graças para todos os que Vos invocam.
Sois ainda, ó Virgem benigna, a fonte selada apregoada no Cântico dos Cânticos, 4, 12, onde esteve por nove meses oculta a Humanidade santíssima do Filho de Deus.
Vós sois aquela fonte de Siloé cujas águas correm silenciosas e por intervalos, a maneira como correm vossos favores, consoante a vossa vontade.
Salve Maria, fonte de graça, de piedade e de misericórdia; manancial inexaurível de doçura e de clemência.
Fazei-nos ouvir aquelas doces palavras que um dia proferiu vosso Filho: Vinde a mim, todos os que tendes sêde, Eu sou a fonte de águas vivas que jorram para a vida eterna.
Afastai-nos dessas águas lodosas do pecado, que se precipitam no abismo e guiai-nos para essas outras que desalteram e acalmam, que curam e ressuscitam.
E regai com as águas puras e cristalinas de vossa graça a terra seca e árida de nossos corações; lavai as manchas de nossa alma, a fim de sermos dignos de seguir nessa nossa peregrinação e depois possuirmos por tôda a eternidade, o vosso amado Filho. Fonte viva e indefectível de todo bem.
Deixai que nós vos proclamemos com vosso amado servo São Metodio:
FONS PROPICIATIONIS FILII ERGA GENUS HUMANUM – Fonte de propiciação de Jesus Cristo para com o género humano, rogai por nós.
Para ver mais fotos antigas do Santuário de Fátima, clique em
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Recomenda-se também vivamente a matéria de “Catolicismo” de maio de 2021, intitulada “Fátima, a Lourdes portuguesa“: A fonte de águas milagrosas da Cova da Iria operou numerosas curas físicas e espirituais, mas hoje nem se fala mais delas. Por quê? A quem interessa ocultar tantos milagres?