Liga do Santo Rosário

“Um por todos e todos por um! O Brasil para Nossa Senhora!

Plinio Corrêa de Oliveira

 

Cátedra de São Pedro:
festa que celebra o Papado enquanto Cátedra infalível que se dirige ao mundo

 

 

“Santo do Dia”,  22 de fevereiro de 1964

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

                                                                                             *                                            *                                            *

 

Amor sem limites à Cátedra de São Pedro


Extratos do “Santo do Dia” de 17 de janeiro de 1966


É por um desígnio soberano de Deus que a cidade de Roma foi escolhida para ser a cidade do Papa. Era uma cidade estratégica, onde o benefício da salvação podia tomar-se mais geralmente conhecido. Daí vem a celebração da Cátedra, que se trata de venerar. Posta no ponto nevrálgico e no centro de influência do mundo, a Cátedra “inoculou” a regeneração católica, a verdadeira fé, e disseminou a Igreja.

Quando se fala de Cátedra de São Pedro, alude-se naturalmente ao móvel que constitui essa cátedra. Na Igreja de São Pedro há uma cátedra de bronze, feita por Bernini. Dentro encontra-se o pequeno trono de madeira que São Pedro usava em Roma, e que até hoje se conserva para veneração dos fiéis.

Simbolicamente, cátedra lembra poder, instituição, Papado, Pontificado. Recorda a continuidade dessa instituição mantida por tantos homens, tão diferentes, que a têm ocupado. Lembra o supremo governo da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, lembra a cabeça da Igreja. Se as vicissitudes humanas podem dar-lhe brilho maior ou menor, ou até rodeá-la de trevas, essa Cátedra é sempre a mesma. E o supremo governo da Igreja é a sua Cabeça, que sobretudo deve ser amada quando se ama a Igreja.

Portanto, nosso amor à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana — que é um amor absolutamente sem limites e acima de todas as coisas da Terra — deve incidir especialmente sobre o Papado e a Cátedra de São Pedro, qualquer que seja o seu ocupante. Porque esse é Pedro — a quem foram dadas as chaves dourada e prateada (símbolos do poder espiritual e temporal) — a quem nós, em espírito, osculamos os pés, como expressão de homenagem e de adesão, porque em relação à Cátedra de São Pedro nosso amor, nossa obediência e veneração absolutamente não têm limites. Eis o que é especialmente conveniente acentuar sobre a Cátedra de São Pedro.
( Retirado da Seção “Excertos”, da revista “Catolicismo” Nº 710, fevereiro de 2010 )

 

                                                                                         *                                              *                                                 *

Os senhores sabem que Pio IX, um grande Papa do qual temos uma relíquia indireta, — um pedaço de seu caixão mortuário, — e cujo processo de canonização está introduzido [ foi beatificado por S.S. João Paulo II em 3 de setembro de 2000 ], teve um primeiro período de seu governo considerado liberal. Não que ele tivesse defendido algum erro doutrinário do liberalismo em seus documentos, mas tomou uma série de medidas tidas como liberais (*).
De tal maneira que na Itália daquele tempo, — dividida pitoresca, proveitosa e eficientemente em pequenos reinos, principados e cidades livres, — que pendia para a unificação, os independentistas  que queriam unificar a Itália, davam um brado revolucionário pelas ruas para ligar e atrair a uma ação comum os anarquistas e os afilhados da seita de Mazzini: “Viva Pio IX!”.

Este brado recrutava nas ruas a fina flor dos lazzarones, dos sem vergonha, dos revolucionários, da máfia, da camorra e de tudo o mais que queiram, na luta contra aqueles pequenos tronos cujo desaparecimento hoje lamentamos.
Nessa situação difícil, em que um Papa era transformado em símbolo da Revolução, vivia o grande santo D. Bosco. Nos colégios de D. Bosco penetrava também o brado “Viva Pio IX”. E um ou outro desses alunos, que os senhores podem imaginar de que jeito eram, gritavam “Viva Pio IX” no meio do recreio. O brado de revolta.

Dom Bosco teve então uma atitude, que foi a seguinte: “não gritem ‘Viva Pio IX’, gritem ‘Viva o Papa’!” (**) É a saída soberanamente inteligente, porque “Viva o Papa” a gente deve gritar sempre. Isto está no processo de canonização de D. Bosco e não impediu que fosse canonizado nem que sua obra fosse abençoada pela Providência de todos os modos.
Na raiz disso está uma distinção muito importante: a distinção entre o Papa e o papado; entre a pessoa do Papa, sujeita às misérias humanas, sujeita também a erros onde não é amparado pela infalibilidade e, de outro lado, a instituição, que é inteiramente distinta da pessoa. E se é verdade que de vez em quando se grita: “viva fulano” e às vezes se cala e às vezes se chora, e sempre se reza, há um brado que se dá sempre, e este brado é “Viva o Papa”!, “Viva o Papado”!

É por causa disso que a festa que vai ser celebrada hoje, a festa da Cátedra de São Pedro, é uma festa extremamente oportuna, porque ela celebra o Papa enquanto mestre, ela celebra o Papado enquanto tendo uma Cátedra infalível que se dirige ao mundo e que esta é, de fato infalível. E é portanto a infalibilidade do Papa, por assim dizer, é a ortodoxia, aquilo em que o Papado não erra nunca, que é o objeto dessa celebração de hoje.

Sabemos que da Cadeira de São Pedro conservou-se quase toda a estrutura, guardada na Igreja de São Pedro, em Roma. Na “Glória” de Bernini existe uma Cátedra de bronze, oca, que de vez em quando se abre e que contém dentro um banquinho, que é considerado como tendo sido a cadeira de São Pedro.

                                                                                              

                                                                                                                                                                                                                                                                           Cátedra de São Pedro

 

A festa da Cátedra de São Pedro tem em vista este objeto, mas tem, muito mais do que esse objeto, em vista o fato de Roma ser a Cátedra de São Pedro, e o fato de Nosso Senhor Jesus Cristo ter dado a São Pedro uma Cátedra infalível, e o fato dessa Cátedra governar a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana. É, portanto, esse fato que se celebra no dia de hoje.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

 

  

 

Na nave central da Basílica de São Pedro há uma imagem, preta, de material escuro, que representa o Papa. É São Pedro, com as chaves na mão, sentando numa cátedra e com o pé à altura dos lábios dos fiéis. E todos os peregrinos que vão a Roma passam por lá e osculam o pé de São Pedro. O resultado é que com o ósculo mil e mil vezes repetido, o pé de São Pedro está até desgastado. Acho que é o único exemplo na história em que ósculos destroem bronze.

E o bonito é que no dia da festa do Papa — parece-me que no aniversário do Papa, em todo o caso no dia de São Pedro, — essa imagem é revestida com os ornamentos pontificais. De maneira que ela tem tiara, tem tudo, fica vestida como se fosse um Papa vivo, para indicar a magnífica e evidente solidariedade e continuidade que vai de São Pedro até o Papa de nossos dias.

                                                                                             
                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
                                                                                                                                                       Arnolfo di Cambio, c.1300

Nós o que devemos fazer hoje? Em espírito, oscular o pé dessa imagem. Quer dizer, em espírito oscular o Papado, em espírito oscular esse princípio de sabedoria, de infalibilidade da autoridade que governa  a Igreja  Católica. E, por meio de Nossa Senhora, agradecer a Nosso Senhor Jesus Cristo a instituição da infalibilidade desta Cátedra, que é propriamente a coluna do mundo; porque se não houvesse infalibilidade, o mundo estava completamente perdido, a Igreja destroçada e com ela o mundo perdido. E também o caminho para o céu. Porque os homens não encontrariam o caminho para o céu se não houvesse uma autoridade infalível para governar.

                                                                                                                                                   

 

                                                                                                                                                                                       

Entretanto, uma coisa que devemos lembrar é o seguinte: a fidelidade à cátedra não se confunde inteiramente e sob todos os pontos de vista com a aceitação incondicional do que faz a pessoa. Nosso Senhor Jesus Cristo faz uma distinção entre a cátedra e a pessoa. Embora o catedrático seja ele e os poderes da cátedra residam nele, nem tudo nele é cátedra, e não podemos imaginar a Igreja como ela não foi feita por Nosso Senhor Jesus Cristo.

 A Igreja foi feita por Nosso Senhor Jesus Cristo de maneira a ser assim. (***)
Com a cátedra ou com o catedrático? Com a cátedra, até morrer, notando sempre que a cátedra nunca está fora do catedrático. E que portanto não se pode ter uma fidelidade abstrata ao papado, que não seja fidelidade concreta ao Papa atual, em toda medida em que ele é infalível e tem o poder de governar e reger a Igreja Católica.

                        

LE BAISEMENT DES PIEDS DANS LA BASILIQUE DE SAINT-PIERRE A ROME HAUDEBOURT-LESCOT, Antoinette Cécile Hortense, 1er quart 19e siècle Musée National du Château de Fontainebleau

(*) Para uma informação mais detalhada deste assunto ver, por ex., a matéria publicado por “Catolicismo” na edição de Janeiro de 1992, “Pio IX e Metternich”.

(**) Ver “I sogni di Don Bosco”, escrito por Eugenio Pilla, publicado pela editora Cantagalli, Siena, 2004, 4a. edicao, pag. 104

(***) Uma explicação mais detalhada deste ponto pode ser encontrada no livro “As CEBs… Das quais muito se fala, Pouco se conhece – a TFP as descreve como são”, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e de Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo, na parte I, Cap. III – A intelecção deformada do tríplice “sentire” ( “cum Romano Pontifice”, “cum Episcopo”, “cum Parocho”).

Texto extraído do site pliniocorreadeoliveira.info

 

                                                                      *                                                         *                                                                     *

 

ALGUNS GRANDES PAPAS DA HISTÓRIA DA IGREJA - SANTOS

Imagem de bronze de São Pedro na Basílica do Vaticano

 As circunstâncias em que Nosso Senhor instituiu o Papado

 

Nós conhecemos bem as circunstâncias admiráveis em que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Papado.
Ele foi abordado por uns indivíduos caluniadores que ouvindo dizer que a eucaristia era verdadeiramente a carne e o sangue dEle, eles diziam que não podiam crer, etc. E Nosso Senhor afastou-se deles.
Voltou-se para São Pedro e disse: “E vós, o que é que dizeis disso? Como quem diz, “Vocês fazem parte desses ímpios?”
São Pedro teve uma bonita palavra, disse: “Aonde iremos, Mestre, se só Vós tendes palavra de vida eterna?”

Quer dizer, “nós não iremos, nós acreditamos na vossa palavra.”
E então, Nosso Senhor disse: “Pedro tu és pedra, e sobre essa pedra, eu edificarei a minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão contra Ela.”
Petrus tu es petram. “Petrus” é Pedro. “Petram” é pedra. Então, “Pedro tu és pedra, és rocha e sobre essa rocha, eu edificarei a minha Igreja.” – era Pedro.
“E as portas do inferno não prevalecerão contra Ela”, quer dizer, jamais a Igreja vai ser destruída pelas investidas do inferno, quer dizer, a Igreja jamais cairá em erro. Mas jamais cairá em erro, porque ela está baseada no Papa.

Está baseada em São Pedro, cujo sucessor – São Pedro era bispo de Roma – todo bispo de Roma é um sucessor de São Pedro. É um Papa, quer dizer, o rei da Igreja Católica.

 
 
                                                                                *                                                  *                                                    *
 

 

                                                                    PAPA SÃO LEAO  MAGNO

 

 São Leão Magno, diz o nosso calendário, foi papa, confessor e Doutor da Igreja. Combateu Eutiques e Nestório, que foram dois grandes heresiarcas; e
  deteve Átila à porta de Roma. Século V. São Leão Magno, que viveu de 390 a 461, foi um dos maiores papas que a história registra. Lutou, em seu pontificado, contra numerosas heresias que então agitavam a Igreja, principalmente os maniqueus e os pelagianos. Enfrentou Átila, o flagelo de Deus, conseguindo que se afastasse da Itália. Impediu ainda a destruição de Roma pelos vândalos comandados por Genserico.

 foi papa entre 29 de setembro de 440 e sua morte em 10 de novembro de 461.[1] Um aristocrata de origem italiana, Leão foi o primeiro a receber o título de “o Grande”. Ele é, provavelmente, mais famoso por ter ido ao encontro de Átila, o Huno, em 452 para persuadi-lo a desistir de sua invasão da Itália. Ele é também considerado um Doutor da Igreja, lembrado teologicamente por seu “Tomo de Leão“.

 
 
                                                                                          *                                            *                                                 *
 
 

 

                                                                       PAPA  SÃO  LEÃO  IX     

21 de junho de 1002– 19 de abril de 1054

Indicado pelos bispos em Worms para substituir o PAPA Dâmaso II, falecido, não  aceitou. Então foi a Roma, a pé, atravessando os alpes. Quando chegou em Roma estava todo mundo aguardando-o para aclamá-lo PAPA. NÃO TEVE JEITO, TEVE QUE ACEITAR. Chamava-se Bruno. Tendo em vista a luta que o esperava – dentro do próprio clero – inclusive, tomou o nome de LEÃO.

Suas principais lutas foram contra:

  • o casamento bem como o concubinato dos padres (o nicolaísmo);
  • o retorno dos valores do cristianismo primitivo.

  •  
 

                                                                                  *                                    *                                        *

 
 

                                                                PAPA  SÃO  GREGÓRIO  VII

A respeito da festa de São Gregório VII (1073 – 1085), existe um documento que lhe é atribuído e que reflete o seu pensamento, intitulado “Dictatus Papae” (o qual se encontra no “Arquivo Secreto Vaticano”, emitido em 1075, em Roma, e que foi exibido na monumental exposição “Lux in Arcana”, realizada nos museus capitolinos em Roma, durante os primeiros meses de 2012; “Dictatus Papae” = ditado pelo Papa, n.d.c.). Trata-se de um documento atacado pelos teólogos progressistas, e que é uma lista verdadeiramente sublime das teses que São Gregório VII queria sustentar.  

Alguns dos tópicos do “Dictatus Papae”:


1 – A Igreja romana foi fundada somente pelo Senhor
2 – Somente o Romano Pontífice pode ser chamado, de direito, de Bispo de Roma.
3 – Somente ele pode depor ou restabelecer bispos.
5 – O papa pode depor os ausentes.
6 – Não se deve residir na mesma casa onde moram pessoas que ele excomungou.
7 – Somente ele pode promulgar novas leis, atendendo às exigências dos tempos, formar novas comunidades religiosas, transformar um cabido de cônegos em abadia, ou vice-versa, dividir uma diocese rica ou unir dioceses pobres.
12 – A ele é lícito depor o imperador.
13 – A ele é lícito, se houver necessidade, transferir um bispo de uma sé para outra.
16 – Nenhum sínodo pode ser chamado geral sem o consentimento do Papa.
17 – Nenhuma norma e nenhum livro podem ser considerados canônicos sem a aprovação dele.
20 – Ninguém pode condenar aquele que apela para a Santa Sé.
21 – Toda causa de maior relevo de qualquer igreja, deve ser remetida à Santa Sé.
24 – Depois de sua decisão, e com sua autorização, é permitido aos súditos apresentar uma queixa.
25 – Mesmo sem recorrer a um sínodo, pode depor um bispo ou receber de novo na igreja aqueles que tenham sido excomungados.
27 – Ele pode liberar os súditos do juramento de fidelidade ao Soberano, em caso de injustiça.
  
Ele estava exilado de Roma, e após mudar de castelo para castelo, de convento para convento, de abadia para abadia, seu corpo foi enfraquecendo aos poucos. Quando sentiu aproximar-se a morte, ele disse:

“Justitiam dilexit et odivit iniquitatem, propterea morior in exilium — amei a justiça e odiei a iniquidade; por causa disso, morro no exílio”.

 
 

                                                                                 *                                                        *                                                                   * 

 
 

 

                                                                PAPA  BEATO URBANO  II

Urbano II foi Papa de 1088 a 1099.
defensor da liberdade da Igreja, continuador da obra de São Gregório VII. Promoveu a Primeira Cruzada. O Concílio de Clermont tinha como finalidade principal discutir a Cruzada. O povo esperava o dia da anunciada expedição. Finalmente, o Papa satisfez sua impaciência. Sentou-se no trono especialmente preparado para a ocasião, tendo ao seu lado o eremita Pedro. A seus pés, uma enorme multidão: cardeais, abades, sacerdotes, monges, cavaleiros e povo. Após as palavras de Pedro, descrevendo o que vira em Jerusalém, Urbano II dirigiu-se a todos:


“Ide, irmãos, ide com esperança, ao assalto dos inimigos de Deus que, há muito, dominam a Síria, a Armênia e países da Ásia Menor. Muitos danos já fizeram: usurparam o Sepulcro de Cristo, os maravilhosos monumentos de nossa fé; vedaram, aos peregrinos, ingresso numa cidade a qual somente os cristãos sabem dar o real valor. Não é o bastante para escurecer a serenidade de nossa face? Ide e mostrai vosso valor. Ide, soldados; e vossa fama se estenderá por todo o mundo. Não temei perder o Reino de Deus por grande tribulação. Se cairdes prisioneiros, enfrentai os piores tormentos por vossa fé e salvareis vossas almas ao perder o corpo. Não hesiteis, irmãos caríssimos, em sacrificar vossa vida pelo bem dos irmãos. Não vos detenha o amor à vossa família, à vossa pátria, ou às riquezas, pois o homem deve seu amor principalmente a Deus, e a Terra inteira é vossa. E qual maior felicidade para um cristão que ver, durante a vida, os lugares onde o Senhor falou a língua dos homens?”


Às palavras do pontífice, os fiéis responderam unanimemente: Deus o quer! E Urbano acrescentou:
“Esse vosso grito não seria unânime, se não fosse inspirado pelo Espírito Santo. Seja então essa palavra vosso grito de guerra, anunciando o poder do Deus dos exércitos. E quem empreender essa viagem deverá levar a figura da Cruz. A Cruz esteja em vossa espada e em vosso peito, sobre as armas e os estandartes. Seja ela, para vós, o louro das vitórias ou a palma do martírio e a insígnia para unir os filhos dispersos da casa de Israel. Ela vos recordará continuamente que Jesus Cristo morreu por vós e que por Ele deveis morrer”.


                                                           *                                                        *                                                              *


                                                                     PAPA  SÃO   PIO    V     

 São Pio V (1551-1572), Papa e Confessor. Dele afirma o Martirológio que se aplicou com zelo e entusiasmo a restaurar a disciplina eclesiástica, extirpar as heresias e esmagar os inimigos do nome cristão. Ele foi inquisidor supremo, promotor da batalha de Lepanto.


Dados narrados por D. Guéranger, em L’Année Liturgique e de Rohrbacher, na sua Histoire Universelle de l’Eglise Catholique:
“Miguel Ghislieri, futuro São Pio V, foi nomeado superior de numerosos conventos, e [deplorou] logo o relaxamento, corrigindo abusos, mantendo a disciplina. Com ele pareceram ressuscitados os Pacômios… Onde se encontrasse fazia reviver o espírito de São Domingos em toda sua pureza e fervor. Era notável sua assiduidade nos exercícios do claustro. No exercício divino, destacava-se por sua humildade sincera, por seu amor à solidão, ao silêncio, à pobreza, à mortificação e seu zelo contra as heresias de seu tempo. Por isso foi feito inquisidor da fé em Como. 

Cumpriu seu ofício com prudência, mas foi objeto de perseguição, correndo risco de vida. Em 1557, Paulo IV o fez Cardeal. Todo o Sacro Colégio agradeceu ao Pontífice por lhe ter dado um tão digno colega. Malgrado suas numerosas ocupações, o agora cardeal Ghislieri era imensamente afável, quer com aqueles que vinham tratar de negócios sérios, quer com os que vinham importuná-lo…”
 “A ninguém jamais fez recusas, nunca foi recusada uma audiência e o todo de sua conduta, como suas menores atitudes, faziam compreender que Deus o elevava dia a dia, a fim de que dessa altura ele pudesse servir, instruir, edificar o maior número de pessoas.

“Eleito Papa, Pio V reuniu todos os dignatários e domésticos de sua casa, prescreveu-lhes regras de conduta, declarou o que esperava deles, segundo seu estado, e advertiu que não aceitava nenhuma infração aos princípios de uma piedade exemplar. E ele dava exemplo. Austeríssimo consigo mesmo, não abandonava suas vestes de monge sob os trajes pontifícios, nem mesmo sobre a dura enxerga que lhe servia de leito. Todas as noites fazia uma longa visita aos sete altares da Igreja de São Pedro”.


Em conjunturas importantes, passava noites inteiras de joelhos, consultando a Deus sobre suas decisões.

 
 
                                                              *                                                        *                                                                *
 

 

                                                                    PAPA  BEATO  PIO   IX   

A História do pontificado do grande Pio IX mereceria ser estudada a fundo pelos católicos. Ela contém ensinamentos para nossa época muito mais oportunos e mais profundos do que geralmente se pensa.


Em nosso último artigo, procuramos mostrar o êxito da energia apostólica do grande Pontífice.

 Quer pela definição do dogma da Imaculada Conceição, feito por meio da bula “Inefabilis” em 1854, quer pela convocação do Concílio do Vaticano e a definição do dogma da infalibilidade papal em 1869, o grande Papa enfrentou aguerrida e resolutamente o naturalismo e o racionalismo do século. A despeito da opinião em contrário, de leigos eminentes e até de Prelados, Pio IX julgou que a época era ainda menos propícia do que outra qualquer para uma atitude de impassibilidade sorridente, cujo efeito necessário seria o encorajamento dos maus e o entibiamento dos bons. Com isto, Pio IX, calcando aos pés qualquer falso sentimentalismo, enfrentou decididamente a impiedade

Sua energia combativa venceu. Depois da definição do dogma da infalibilidade pontifícia pelo Concílio do Vaticano, a onda do racionalismo naturalista tem decrescido incessantemente, e, se bem que ela ainda conserve formas disfarçadas dignas da maior cautela dos católicos, é certo que ela perdeu aquela agressividade truculenta e blasfema com que se pavoneava nas altas rodas literárias, políticas e sociais da Europa do século XIX.

Erraria quem pensasse que, agindo assim, Pio IX empregou uma estratégia de cunho exclusivamente pessoal. O que o grande Pontífice fez não foi senão a aplicação, ao seu século, dos tradicionais processos de apostolado da Santa Igreja. A estratégia de Pio IX foi a de todos os Pontífices que se viram em situação análoga à sua e que venceram as grandes crises que assediaram a Santa Igreja no passado. E não seria difícil mostrar, que foi idêntica a linha de conduta observada pelos Pontífices que depois de Pio IX se tem sucedido no trono de São Pedro. É a admirável continuidade pontifícia que atesta, de modo flagrante, a assistência indefectível do Espírito Santo aos Papas, através dos séculos. Todos os capítulos da História da Igreja, em todos os séculos, atestam esta admirável continuidade, e proporcionam aos fiéis ensinamentos de inestimável valorÉ o que o estudo do Pontificado de Pio IX demonstra
Os inimigos da Igreja se compraziam em ver nela um imenso edifício que se esboroavae que cedo ou tarde ruiria, inteiramente, quando ruíssem todas as grandes monarquias europeias, restos com a Igreja, de um estado de coisas destinado definitivamente a desaparecer.

João Maria Mastai Ferretti, o futuro Pio IX, nasceu no dia 13 de maio de 1792 em Senigaglia, na Itália. De família da nobreza local, estudou no Colégio Piarista em Volterra. Como sofria de epilepsia, não pôde seguir a carreira militar. Foi então para Roma em 1809 para estudar teologia, mas teve que abandonar os estudos em 1812, por problemas de saúde. O que é curioso, pois ele viveu longamente, sendo seu pontificado o mais longo da História depois do de São Pedro. Assim são os caminhos da Providência.

Mastai Ferreti fez parte da Guarda Nobre Pontifícia, mas também, por motivos de saúde, teve que deixá-la. Foi então que ele teve, em 1815, um encontro providencial com São Vicente Pallotti, que lhe profetizou o pontificado. A partir daí a Virgem de Loreto o curou gradual e definitivamente.
O beato voltou aos seus estudos teológicos, sendo ordenado sacerdote em 1819. Em 1823 acompanhou o Núncio Apostólico ao Chile, onde ficou durante dois anos. Ao seu retorno em 1825, foi nomeado cônego de Santa Maria in Via Lata, e diretor do grande hospital de São Miguel. Finalmente, em 1827, Leão XII o designou Arcebispo de Espoleto.

Aconteceu então que, em 1831, um bando de revolucionários italianos que queriam sua independência da Áustria, combateram o exército imperial e foram derrotados. O Arcebispo os convenceu então a depor as armas e a se dispersarem, dando-lhes dinheiro suficiente para voltar às suas casas. Obteve também para eles o perdão do comandante austríaco.
No ano seguinte Mastai Ferreti foi transferido para a sé de Imola e, em 14 de dezembro de 1840, criado cardeal, embora o tivesse sido já em 1839,“in petto”. Ele, entretanto, conservou a sé de Imola até ser Papa.

Em junho de 1846, com a morte de Gregório XVI, ele foi eleito Papa como candidato dos cardeais liberais, que desejavam reformas políticas moderadas.
O novo Papa aceitou relutantemente a tiara, e tomou o nome de Pio em memória de Pio VII, seu benfeitor. Por sua caridade para com os pobres, bondade de coração e perspicácia, foi aceito com alegria pelo povo.
Em sua primeira encíclica, Qui Pluribus, de 9 de novembro de 1846, Pio IX lamenta a opressão dos interesses católicos, as intrigas contra a Santa Sé, as maquinações das sociedades secretas, sectarismos, as associações bíblicas, o indiferentismo, as falsas filosofias, o comunismo, e a licenciosidade da imprensa.

Durante a revolução de 1848, estando a cidade em poder dos revolucionários, o palácio papal do Quirinal foi cercado. Com a assistência do embaixador da Baviera, o Papa conseguiu fugir disfarçado, indo para Gaeta, onde outros cardeais se juntaram a ele. Em Roma os revolucionários queriam proclamar a república. O Papa apelou para a França, Áustria, Espanha e Nápoles. No dia 29 de junho as tropas francesas comandadas por Oudinot, restaurou a ordem, e no dia 12 de abril de 1850 Pio IX voltou a Roma. Foi então que abandonou daí para a frente sua política liberal, tornando-se um contra-revolucionário de trús.

 

Durante o Risorgimento, com a queda de Roma em 20 de setembro de 1870 e o fim do poder temporal da Santa Sé, Pio IX encerrou-se no Vaticano, passando a se considerar como prisioneiro.
O pontificado de Pio IX foi cheio de grandes realizações, como o restabelecimento da hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas galicanas; o envio de missionários ao Polo Norte, Índia, Birmânia, China e Japão; a criação de um Dicastério para as questões relativas aos orientais.

Em sua estrênua luta contra o liberalismo, sua encíclica Quanta Cura, de 8 de dezembro de 1864, condenava 16 proposições relativas aos erros da época. Era acompanhada do famoso “Syllabus errorum”, lista de 80 proposições previamente censuradas sobre o panteísmo, naturalismo, racionalismo, indiferentismo, socialismo, comunismo, e maçonaria.
Grande devoto da Santíssima Virgem, Pio IX promulgou o dogma da Imaculada Conceição em 8 de dezembro de 1854. Ele também incentivou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Em 29 de junho de 1869 pela bula AeterniPatris, o Pontífice convocou o Concílio do Vaticano. Durante sua quarta seção, em 18 de julho de 1870, foi proclamado o dogma da Infalibilidade Pontifícia.
Pio IX faleceu no dia 7 de fevereiro de 1878, e foi sucedido por Leão XIII. Seu túmulo está na igreja de San Lorenzo Fuori le Mura. Ele foi beatificado em setembro de 2000.

Extraído do site IPCO.ORG.BR

 

 

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                                                                      PAPA  SÃO  PIO   X

 Foi Papa da Igreja Católica, São Pio X, no ano mais ou menos de 1902 ou 1903 (não me lembro bem o ano em que começou o pontificado dele – 9 de agosto de 1903), até o ano de 1914 (20 de agosto de 1914), em que ele morreu misteriosamente.  Arrebentou a 1ª Guerra Mundial, e pouco depois, misteriosamente, morria o Papa São Pio X.

 

lá por 1910, se não me trai a memória, ele baixou uma Encíclica que deixou todo mundo pasmo: Pascendi Dominici Gregis (de 8 de setembro de 1907, n.d.c.). A Encíclica tinha o título:  “Apascentando o rebanho do Senhor”. O Senhor é Nosso Senhor Jesus Cristo, evidentemente; o rebanho é a Santa Igreja Católica.


Ele, nessa Encíclica, desenvolveu uma concepção, uma teoria e uma descrição do estado em que estava a Igreja no tempo dele.  E, depois, ele ainda escreveu uma carta intitulada Carta apostólica “Notre Charge Apostolique” (Nosso encargo apostólico, de 25 de agosto de 1910)”.


Ele diz que a Igreja Católica se encontrava naquele tempo imersa num mundo que tinha um pensamento oposto ao dela.  Era um mundo revolucionário, um mundo com as idéias provenientes – mais ou menos o que está na RCR (= Revolução e Contra-Revolução) – provenientes do protestantismo, da Revolução Francesa, etc., que se chocavam com a concepção que a Igreja tinha do mundo, e de como deve ser organizada a civilização cristã (nota deste site: a encíclica de Leão XIII “Parvenu à la vingtcinquième année“, ou seja “Chegados aos 25 anos de nosso pontificado“, sobre a Igreja Católica, aborda o processo da pseudo-Reforma protestante, a qual abriu o caminho para o filosofismo do século XVIII, desembocando este no ateísmo do século XIX, na anarquia).


* Uma pan-religião de um deus inexistente


Mas, também se chocavam contra a doutrina que a Igreja ensina de si mesma.  E que se tratava de uma organização colossal de hereges, que estava espalhada pelo mundo inteiro, e que tinha uma organização clandestina, uma organização escondida.  E que ficaria escondida até que eles fossem bastante fortes para meter a cabeça fora d’água, e começar a proclamar as suas heresias claro.  E que era uma verdadeira conjuração dentro da Igreja Católica.

 

 Na surdina ia desenvolvendo-se a pior das heresias,  injetada nas próprias veias da Igreja, e querendo destruí-La de dentro para fora
E que esta única religião deveria aos poucos ir corroendo por dentro todas as religiões, e transformar-se numa só religião, que era uma religião inteiramente nova.  Uma religião com uma moral muito evoluída, em que os preceitos morais seriam muito mais fáceis de cumprir, muito mais agradáveis:  era a imoralidade transformada em moral.


E que, por outro lado, a igualdade completa entre os homens acabaria com toda a hierarquia.  As diferenças de fortuna, de inteligência, de posição social, de talento, tudo isso devia acabar.  Todos os homens deveriam ser completamente iguais aos outros.  E nós teríamos assim um mundo futuro, que era o mundo novo de uma religião nova, formando uma República Universal.  Isso seria o mundo para o qual se devia caminhar.


Mas, eles adotavam uma técnica. Eles diziam – diz São Pio X – que se eles fossem declarar isso de um modo ostensivo para todos, isso provocaria, evidentemente, uma revolta.  E que esta revolta era nociva a eles.  Então, eles deveriam proclamar isto, e ensinar isto, só para as pessoas que eles percebessem que iam facilmente no conto.  Os outros, não.  Eles deveriam ir aos poucos apresentando figuras deformadas da Igreja Católica;  cada vez menos parecida com a doutrina tradicional, e mais parecida com a doutrina nova.  E que os principais artífices disso tinham que ser os próprios padres!
Os padres ganhos por essa religião nova, deveriam continuar exercendo o sacerdócio na religião antiga.  E aproveitando o prestígio deles de sacerdotes para ensinar essas coisas erradas.  E, com essa forma, haveria um determinado momento em que a Igreja estaria toda ela transformada.


São Pio X disse que esta era a pior heresia de todos os séculos!  A pior heresia!  E acrescentou que era a pior heresia, porque o mal não estava do lado de fora da Igreja, procurando entrar, como no tempo de Lutero.  Lutero rompeu com a Igreja, saiu da Igreja, e de fora para dentro procurou atacá-la.  Diz ele:  “Não.  O mal é um veneno que se injetou nas próprias veias da Igreja, e quer destruí-la de dentro para fora!”

 

A misteriosa morte de São Pio X


Mas, São Pio X uma noite deitou-se bem.  E o Cardeal Merry del Val, que era seu Secretário de Estado, conta isto assim.  Trabalharam juntos até tarde.  Ele se despediu de São Pio X e foi para a casa dele.  E de manhã, bem cedo, ele foi acordado com o aviso de que o Papa estava muito mal.
Ele vestiu-se depressa e foi ao Vaticano.  Chegando ao quarto de São Pio X, ele encontrou São Pio X atacado por uma doença, mudo.  E fez um sinal a ele de que queria escrever alguma coisa.  Ele arranjou, papel, lápis. 

 São Pio X tentou escrever essa coisa, mas não conseguiu escrever uma letra.  A mão caiu, e ele fez assim, como quem diz:  “Não posso fazer nada”.
O Cardeal Merry del Val diz:  Só no dia do Juízo Final – nas “Memórias” estava isso – se saberá naquela noite o que se passou no Vaticano.  Como é que o Papa, que se deitou saudável amanheceu assim?

 

 

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